Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 28 de Novembro de 2011, aworldtowinns.co.uk

Índia: Assassinado Kishenji, dirigente do PCI (Maoista)

Camarada Koteswara Rao (Kishenji)
Camarada Koteswara Rao (Kishenji)

Mallojula Koteswara Rao, também conhecido como Kishenji, membro da Comissão Política do Partido Comunista da Índia (Maoista), foi morto a 24 de Novembro numa zona florestal do Bengala Ocidental.

As autoridades alegam que o camarada Rao terá sido assassinado num combate armado durante uma operação que envolveu cerca de 900 tropas paramilitares e polícias estaduais, entre as quais os comandos Naja especialmente treinados para combater o movimento revolucionário liderado pelos maoistas e baseado nas zonas rurais do centro e leste da Índia. Um comunicado à imprensa emitido pelo partido no dia seguinte diz que ele tinha sido preso, torturado e assassinado.

No funeral, na sua cidade natal Peddapally, o escritor revolucionário P. Varavara Rao leu esse comunicado do Comité Central do Partido que aqui transcrevemos (ver bannedthought.net/India/CPI-Maoist-Docs/index.htm#2011).

Condenemos o brutal assassinato do camarada Mallojula Koteswara Rao, amado líder das massas oprimidas, líder da revolução indiana e membro do Politburo do PCI (Maoista)!

Façamos uma semana de protesto de 29 de Novembro a 5 de Dezembro e uma ‘Bharat Bandh’ de 48 horas nos dias 4 e 5 de Dezembro!!

O dia 24 de Novembro de 2011 ficará como um dia negro nos anais da história do movimento revolucionário indiano. A clique governamental fascista Sonia-Manmohan-Pranab-Chidambaram-Jairam Ramesh, que tem feito uma algazarra dizendo que o PCI (Maoista) é “a maior ameaça à segurança interna”, em conluio com o ministro-chefe do Bengala Ocidental, Mamata Banerjee, assassinaram o Camarada Mallojula Koteswara Rao depois de o terem capturado vivo numa bem planeada conspiração. Essa clique que a 1 de Julho de 2010 assassinou o Camarada Azad, porta-voz do nosso partido, estendeu uma vez mais a sua rede de arrasto e saciou a sua sede de sangue. Mamata Banerjee, que antes de chegar ao poder tinha derramado lágrimas de crocodilo pelo assassinato do Camarada Azad, depois de ter tomado posse, ao mesmo tempo que por um lado encenava o teatro das conversações, matava outro destacado líder, o Camarada Koteswara Rao, e assim exibia abertamente a sua faceta fascista e antipopular. Os serviços secretos centrais e os serviços secretos assassinos do Bengala Ocidental e do Andhra Pradesh perseguiram-no numa bem planeada conspiração, mataram-no de uma forma cobarde numa operação conjunta e agora propagam uma história forjada do confronto. O Secretário central do Interior, R. K. Singh, ao mesmo tempo que mentia dizendo que não se sabia com certeza quem tinha morrido no confronto, anunciava no mesmo fôlego que se tratava de um grande golpe para o movimento maoista. Desta forma, ele revelou abertamente a conspiração deles por trás deste assassinato. As pessoas oprimidas irão mandar definitivamente para a cova as classes dominantes exploradoras e os seus amos imperialistas que sonham acordados que podem aniquilar o partido maoista matando os altos dirigentes do movimento revolucionário.

O Camarada Koteswara Rao, que era imensamente popular e conhecido dentro do partido e entre o povo como Prahlad, Ramji, Kishenji e Bimal, foi um dos mais importantes líderes do movimento revolucionário indiano. Um combatente infatigável que nunca descansou a sua arma enquanto lutou durante os últimos 37 anos pela libertação das massas oprimidas e que deu a sua vida em nome da ideologia em que acreditava, nasceu em 1954 na cidade de Peddapally, distrito de Karimnagar, no Telangana Norte, Estado do Andhra Pradesh. Criado pelo pai, o falecido Venkataiah que também foi um combatente pela liberdade, e pela mãe Madhuramma que tinha ideias progressistas, Koteswara Rao absorveu desde a sua infância o amor pelo seu país e pelas suas massas oprimidas. Em 1969, participou no histórico movimento do Telangana separado, quando ainda andava na escola secundária na cidade de Peddapally. Aderiu ao movimento revolucionário, inspirado pelos gloriosos movimentos de Naxalbari e Srikakulam, quando estava a tirar uma licenciatura na universidade SRR de Karimnagar. Começou a trabalhar como membro activo do Partido em 1974. Passou algum tempo na prisão durante o período negro da Emergência. Após o fim da Emergência, começou a trabalhar como organizador do partido no seu distrito natal de Karimnagar. Respondeu ao apelo da campanha do partido “Ir para as Aldeias” e desenvolveu relações com o campesinato quando foi para as aldeias. Foi uma das pessoas que representaram um proeminente papel na intensificação de movimentos camponeses populares como o “Jagityal Jaitrayatra” (Marcha da Vitória de Jagityal) em 1978. No decurso dessa luta, foi eleito membro do comité distrital do comité conjunto do PCI(ML) de Adilabad-Karimnagar. Em 1979, quando esse comité foi dividido em dois comités distritais, tornou-se secretário do comité distrital de Karimnagar. Participou na 12ª conferência do partido no Estado do Andhra Pradesh [AP], foi eleito para o comité estadual do AP e assumiu responsabilidades como seu secretário.

Até 1985, enquanto membro da direcção do comité estadual do AP, representou um papel crucial na expansão do movimento a todo o estado e no desenvolvimento do movimento no Telangana Norte, que ele estava a fazer avançar com a perspectiva de aí criar uma zona de guerrilha. Representou um papel proeminente na expansão do movimento à zona florestada de Dandakaranya (DK) e no seu desenvolvimento. Foi transferido para Dandakaranya em 1986 e assumiu responsabilidades como membro do Comité da Floresta. Liderou as brigadas de guerrilheiros e o povo das zonas de Gadchiroli e de Bastar na DK. Em 1993, foi co-optado para membro do Comité Central de Organização (COC).

De 1994 em diante, trabalhou sobretudo para expandir e desenvolver o movimento revolucionário nas zonas leste e norte da Índia, incluindo o Bengala Ocidental. Em particular, foi extraordinário o papel dele na unificação das forças revolucionárias que estavam dispersas desde a derrota do movimento Naxalbari no Bengala Ocidental e no reavivar do movimento revolucionário. Ele entrosou-se profundamente com as massas oprimidas do Bengala e com os vários sectores do campo revolucionário, aprendeu com determinação o idioma bangla e deixou uma marca indelével nos corações das massas locais. Trabalhou infatigavelmente para conseguir a unidade com vários grupos revolucionários e para fortalecer o partido. O Camarada Koteswara Rao foi eleito membro do Comité Central (CC) na Conferência Especial de Toda a Índia do antigo PCI(ML) (Guerra Popular), que teve lugar em 1995. Empenhou-se na unificação das organizações Guerra Popular [GP] e Unidade do Partido em 1998. No Congresso do antigo PCI(ML)(GP), realizado em 2001, foi uma vez mais eleito para o CC e para o Politburo. Assumiu responsabilidades como secretário do Comité Regional do Norte (NRB) e liderou os movimentos revolucionários nos estados do Bihar, Jharkhand, Bengala Ocidental, Deli, Haryana e Punjab. Em simultâneo, desempenhou um papel chave nas conversações de unidade realizadas entre os antigos GP e MCCI. Foi membro do CC unificado e do Politburo formados após a fusão dos dois partidos em 2004 e trabalhou como membro do Comité Regional do Leste (ERB). Concentrou-se sobretudo no movimento no Estado do Bengala Ocidental e manteve-se como porta-voz do ERB.

O Camarada Koteswara Rao desempenhou um papel proeminente na publicação das actuais revistas do partido e no campo da educação política dentro do partido. Contribuiu para a publicação das revistas Kranti, Errajenda, Jung, Prabhat, Vanguard e outras revistas do partido. Desempenhou um papel especial para levar as várias revistas revolucionárias para o Bengala Ocidental. Escreveu muitos artigos teóricos e políticos nessas revistas. Foi membro do Sub-Comité de Educação Política (SCOPE) e desempenhou um papel proeminente no ensino do Marxismo-Leninismo-Maoismo nas fileiras do partido. Em toda a história do partido, ele desempenhou um papel memorável na expansão do movimento revolucionário, no enriquecimento dos documentos do partido e no desenvolvimento do movimento. Participou no Congresso de Unidade — 9º Congresso do Partido, que se realizou em Janeiro de 2007, foi eleito uma vez mais membro do CC e assumiu as responsabilidades de membro do Politburo e do ERB.

Foi notória a direcção política dada pelo Camarada Koteswara Rao aos movimentos populares de Singur e Nandigram que irromperam em 2007 contra as políticas antipopulares e a favor das grandes empresas do governo social-fascista do PCM no Bengala Ocidental e em particular à gloriosa intensificação da revolta popular em Lalgarh contra as atrocidades policiais. Ele guiou o comité estadual do Bengala Ocidental e as fileiras do partido na liderança desses movimentos e, por outro lado, também orientou com criatividade a propaganda do partido na comunicação social. Em 2009, quando a clique de Chidambaram tentou enganar as classes médias em nome de conversações e um cessar-fogo, ele trabalhou significativamente para expor isso. Fez um enorme trabalho para manter elevada a importância da Guerra Popular e para levar a política revolucionária às vastas massas populares. Essa grande jornada revolucionária que durou quase quatro décadas chegou a um fim abrupto a 24 de Novembro de 2011.

Povo amado! Democratas!!

Condenem este assassinato brutal. Trata-se de uma conspiração das classes dominantes para aniquilar a liderança revolucionária e privar o povo de uma direcção correcta e de uma liderança proletária. É um facto conhecido que o movimento maoista é a maior barreira aos grandes ladrões e à burguesia compradora que está a esconder milhões em bancos suíços ao vender por alguns tostões o Jal, a Selva e o Zameen do país aos tubarões imperialistas. A brutal ofensiva multifacetada de nível nacional nos dois últimos anos chamada Operação Caçada Verde está a servir exactamente para esse fim. Este assassinato a sangue frio faz parte disso. É dever dos patriotas e dos amantes da liberdade proteger o movimento revolucionário e a sua liderança como a pupila dos seus olhos. Não se trata senão de proteger o futuro do país e das próximas gerações.

Mesmo com 57 anos, o Camarada Koteswara Rao levava a vida dura de um guerrilheiro como se fosse um jovem e enchia de grande entusiasmo os quadros e as pessoas onde quer que fosse. A vida dele servirá particularmente de grande inspiração à geração mais jovem. Ele estudava e trabalhava durante muitas horas, ao mesmo tempo que não descansava e viajava grandes distâncias. Dormia muito pouco, levava uma vida simples e era um trabalhador árduo. Costumava entrosar-se facilmente com pessoas de todas as idades e com pessoas provenientes de vários sectores sociais e enchê-las de entusiasmo revolucionário. Não há dúvida nenhuma que o martírio do Camarada Koteswara Rao é uma grande perda para o movimento revolucionário indiano. Mas o povo do nosso país é grandioso. São o povo e os movimentos populares que dão à luz revolucionários corajosos e dedicados como Koteswara Rao. Os operários e os camponeses e os revolucionários que absorveram o espírito revolucionário de Koteswara Rao desde Jagityal à Selva Mahal e que se armaram a si mesmos com a fragrância revolucionária que ele propagou por todo o país conduzirão definitivamente a Revolução indiana de Nova Democracia a um caminho de vitória. Eles destruirão os imperialistas e seus lacaios, os grandes proprietários e a burguesia burocrática compradora, e os seus representantes como Sonia, Manmohan, Chidambaram e Mamata Banerjee.

O nosso CC está a convocar as pessoas para fazerem uma semana de protesto entre 29 de Novembro e 5 de Dezembro e para fazerem uma “Bharat Bandh” [greve geral nacional] de 48 horas a 4-5 de Dezembro, em protesto pelo brutal assassinato do Camarada Koteswara Rao. Apelamos a que haja várias iniciativas como reuniões, concentrações, dharnas, o uso de símbolos negros, bloqueios de estradas, etc., em protesto por este assassinato. Apelamos a que sejam paralisados os comboios, as estradas e as instituições comerciais e educativas e a que seja interrompido todo o tipo de transações comerciais, como parte da “Bharat Bandh” de 4-5 de Dezembro. Contudo, os serviços médicos estão dispensados da Bandh.

25 de Novembro de 2011
Assinado
: Abhay, porta-voz do Comité Central do PCI (Maoista).

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