Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 12 de Fevereiro de 2007, aworldtowinns.co.uk
“8 de Março de 2007, Dia Internacional da Mulher:
Unidas e em harmonia, exijamos um outro mundo!”
O texto que se segue é a convocatória para uma manifestação em Haia a 8 de Março, publicada pela Campanha pela Abolição de toda a Legislação Misógina e Baseada no Género e das Leis Islâmicas Punitivas do Irão (Karzar).
Ouvem os gritos das mulheres iraquianas, gritando contra as mortes por honra levadas a cabo pelos grupos islâmicos ou contra a sua violação pelas tropas norte-americanas e britânicas?
Ouvem os protestos das mulheres afegãs cujo corpos e almas são o campo de batalha da rivalidade entre os talibãs, as outras forças islâmicas e os ocupantes ocidentais e os seus protegidos?
Ouvem os gritos de uma mulher iraniana condenada a ser chicoteada e forçada a usar o véu e que agora enfrenta a morte por apedrejamento?
Ouvem os protestos das mulheres norte-americanas que enfrentam a violação de uma das suas irmãs a cada seis segundos?
São testemunhas da escalada da violência patriarcal contra as mulheres nos países europeus?
Os responsáveis pela repressão das mulheres são, por um lado, as potências imperialistas patriarcais que tentam fazer e justificar as suas guerras de agressão alegando defender os “direitos das mulheres” e os “direitos humanos” na região e, por outro, os fundamentalistas islâmicos reaccionários que escravizam as mulheres.
O assassinato de milhares de mulheres e crianças com napalm e bombas de fragmentação e de fósforo, a violação das mulheres iraquianas pelos soldados norte-americanos e a imposição de constituições islâmicas misóginas pelas forças fundamentalistas ajudadas por conselheiros norte-americanos e ocidentais no Iraque e no Afeganistão são apenas uma parte da “libertação da mulher” anunciada pelas forças imperialistas. Ao mesmo tempo, o programa político das forças islâmicas reaccionárias aumenta a repressão e o infortúnio das mulheres. A legislação que ratifica a desigualdade, bem como os castigos islâmicos contra as mulheres e o véu obrigatório, tudo isto são manifestações da estrutura do poder islâmico supremacista masculino. A violação e a execução de mulheres e de raparigas no Afeganistão são um sinal do poder islâmico militarista e reaccionário nesse país.
Todos estes acontecimentos ensinam-nos a nós, mulheres do Médio Oriente, que seria errado procurar a emancipação e a libertação dentro do quadro da actual ordem internacional, tal como o seria procurar a libertação das mulheres dentro do quadro da ideologia islâmica.
Nós, mulheres iranianas, continuaremos no caminho que iniciámos o ano passado e queremos construir um “outro mundo” com base na participação e na força do povo que não tem nenhum interesse em manter estruturas de poder com base na exploração e na injustiça. Queremos um mundo onde mutilar as mulheres seja considerado um crime, não uma tradição. Queremos um mundo onde nenhuma criança seja forçada a submeter-se à violação “matrimonial”, onde nenhuma mulher enfrente “mortes por honra”, onde nenhuma mulher seja obrigada a cometer suicídio ou a pegar fogo a si própria para escapar à violência patriarcal, um mundo onde nenhuma mulher seja castigada ou enfrente a morte por apedrejamento por amar alguém ou por ter tido relações sexuais. Queremos um mundo que não considere a homossexualidade crime, um mundo onde a identidade de uma mulher não seja determinada pelo seu casamento ou pela maternidade. Queremos lutar por um mundo onde ninguém possa forçar as mulheres a ficarem na cozinha ou em lugares fechados, onde ninguém possa privar as mulheres do direito a participarem na produção social e na política. Nesse mundo, as mulheres controlarão os seus próprios corpos e tomarão as suas próprias decisões sobre se querem ter filhos, um mundo onde os homens e as mulheres serão verdadeiramente iguais em todos os aspectos da vida.
Estes são alguns aspectos do horizonte da nossa libertação, um horizonte que deve estar ao alcance de milhões de mulheres oprimidas, um horizonte que nos dá esperança, uma esperança que nos dá coragem e força para continuarmos as nossas lutas pela emancipação de todas as formas de opressão sexual e de classe.
A 8 de Março de 2007 ergueremos as palavras de ordem “Não à reacção, Não ao Imperialismo, Em frente por um outro mundo!” para unirmos e alargarmos as nossas fileiras. Na actual situação mundial, a emancipação das mulheres traça uma clara linha de demarcação entre os oprimidos do mundo e toda a sorte de imperialistas e fundamentalistas islâmicos reaccionários.