Do sítio do jornal Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA (publicado a 5 de fevereiro de 2024 em inglês em revcom.us/en/resistance-widens-and-deepens-irans-theocrats-execute-more-political-prisoners e a 14 de fevereiro de 2024 em castelhano em revcom.us/es/se-amplia-y-profundiza-la-resistencia-mientras-los-teocratas-de-iran-siguen-ejecutando-mas).

Da Campanha Internacional de Emergência pela Libertação dos Presos Políticos no Irão (CIE)

A resistência alastra e intensifica-se enquanto os teocratas do Irão executam mais presos políticos

Nota da Redação do revcom.us: Recebemos o seguinte texto da Campanha Internacional de Emergência pela Libertação dos Presos Políticos no Irão (CIE).

A 25 de janeiro, tal como relatámos, toda a ala de mulheres da Prisão de Evin em Teerão fez um dia de greve da fome em resposta à execução de dois presos políticos. Isto foi uma faísca que inspirou muitas outras pessoas dentro e fora das prisões do Irão e em todo o mundo a se juntarem à greve simbólica.

Ao mesmo tempo, alguns homens no corredor da morte da Prisão de Ghezel Hesar1 anunciaram que iriam entrar em greve da fome todas as terças-feiras pelo fim da pena de morte — não apenas devido aos seus próprios casos, mas também a todos os outros casos políticos e não-políticos.2 Numa dinâmica de alargamento, a ala de mulheres de Evin anunciou que também elas se iriam juntar às greves da fome de Ghezel Hesar todas as terças-feiras.

Mohsen Mazloum, Mohammad (Hajir) Faramarzi, Pejman Fatihi e Vafa Azarbar
No sentido dos ponteiros do relógio, a partir do canto superior esquerdo: Mohsen Mazloum, Mohammad (Hajir) Faramarzi, Pejman Fatihi e Vafa Azarbar (Foto: Redes sociais)

Depois disso, a 29 de janeiro, na Prisão de Ghezel Hesar, a República Islâmica do Irão (RII) enforcou quatro jovens presos políticos de etnia curda. O regime vingativo recusou entregar os corpos deles às famílias para que elas procedessem ao luto e aos funerais, proibiu as mesquitas locais de realizarem cerimónias e enterrou-os em segredo “num local não divulgado”. A RII alega que os homens, acusados de serem membros do Partido Komala do Curdistão Iraniano, tinham conspirado para atacar uma instalação militar em meados de 2022, em colaboração com Israel. Usou a força para os fazer desaparecer e os torturar durante 19 meses em confinamento solitário, e depois condenou-os num julgamento grosseiramente injusto sem qualquer representação legal.

Quando foi divulgada a notícia da execução, a indignação foi generalizada na região do Curdistão. Houve greves que encerraram muitas lojas e bazares em 15 cidades do Curdistão. As famílias desses homens realizaram desafiadoramente velórios de luto mesmo sem os corpos, e centenas de apoiantes juntaram-se-lhes. Alguns presos políticos na Prisão de Ghezel Hesar gritaram palavras de ordem contra o regime e foram atacados por dezenas de guardas antimotim que deixaram cinco deles feridos, entre os quais um preso idoso que foi espancado até ficar inconsciente e teve de ser hospitalizado e o rapper rebelde Saman Yasin, a quem foram negados cuidados médicos.

Várias organizações da diáspora iraniana anunciaram planos para protestos em muitos países.

“Não às execuções significa que as vidas humanas são valiosas!” Um comunicado coletivo de várias organizações, incluindo a Osyan @maosyangarim, Jovens no Exílio @bahamad_fa/@bahamad_en, BurnTheCage [Queimar a Jaula] @burnthecage, Academia de Estudos Femininos do Afeganistão @awsaacademy1, Movimento de Mulheres Baluchis @balochwomenmovementt, Pão e Rosas (Turquia) Pão e Rosas (ekmekvegul.net) e outras.

As organizações queer iranianas apelaram aos iranianos em todo o mundo e aos ativistas LGBTQ+ para fazerem ações contra a pena de morte, fazendo notar que as leis da RII condenam à execução as pessoas queer e as pessoas condenadas por relações sexuais extraconjugais.3

No momento em que escrevemos, a cidade de Semirom na província de Isfahan, no centro do Irão, está a fazer uma greve geral contra a iminente execução de dois irmãos acusados da morte de um paramilitar (da milícia Basiji) durante um protesto na revolta Mulher, Vida, Liberdade (Jina). Fazel e Mehran Bahramian foram condenados depois de terem sido torturados e de julgamentos fingidos. Um terceiro irmão foi assassinado pela polícia durante a revolta. O regime do Irão continua a tentar expandir o surto de execuções ocorrido em 2023, tendo assassinado 70 pessoas só em janeiro de 2024.4 A intensificação das ameaças dos imperialistas norte-americanos contra o Irão e os ataques deles contra as forças relacionadas com o Irão no Médio Oriente estão possivelmente a criar ao regime teocrático novas necessidades e oportunidades de repressão na sua frente interna para estabilizar a sua legitimidade e o seu regime.

Uma análise do potencial para uma guerra mais vasta no Médio Oriente está para além do âmbito deste artigo e do trabalho da CIE. No entanto, queremos continuar a salientar a posição expressa no nosso Apelo de Emergência de que a libertação dos presos políticos no Irão é o que está de acordo com os interesses da humanidade: Os governos dos EUA e do Irão agem ao serviço dos interesses nacionais deles. E, neste caso, nós, os povos dos EUA e do Irão, juntamente com os povos do mundo, temos os NOSSOS interesses partilhados, como parte de chegarmos a um mundo melhor: unirmo-nos para defender os presos políticos no Irão. Nos EUA, temos uma responsabilidade especial de nos unirmos de uma maneira muito ampla contra esta vil repressão por parte da RII e de nos opormos ativamente a quaisquer manobras de guerra por parte do governo dos EUA que iriam levar um ainda mais insuportável sofrimento ao povo do Irão. Exigimos à República Islâmica do Irão: Liberdade para todos os presos políticos JÁ! Dizemos ao governo dos EUA: Não às ameaças e às manobras de guerra contra o Irão, Levantamento das sanções norte-americanas!

Apoiar a corajosa resistência dos dissidentes políticos no Irão

“Apelamos a que sejam defensores da causa de todos os presos no corredor da morte, independentemente das respetivas acusações, já que todos nós fomo vítimas de julgamentos injustos. As autoridades tentam roubar-nos o nosso direito à vida. Com o vosso apoio, talvez estas execuções possam ser paradas. Sejam a nossa voz, e a voz das nossas famílias, de todas as formas possíveis. Os presos no corredor da morte apelam a outras pessoas em todo o país para além de Ghezel Hesar, em busca do vosso apoio. (...)” Este é um excerto do apelo dos presos a todas as pessoas em todo o mundo que amam a justiça para que se juntem à luta pelas vidas deles e pelas vidas de todos os presos políticos no Irão. É necessário que o espírito determinado deles de resistirem à opressão e à repressão seja muito mais disseminado do que é agora. O comunicado assinado por 11 grupos na Europa deve ser amplamente divulgado e subscrito em todos os continentes. Como deixou claro o nosso Apelo de Emergência: “As vidas estão em risco, temos de agir JÁ.”


NOTAS:

1  Ghezel (Qezel) Hesar é a maior prisão estatal no Irão, situada em Karaj, a cerca de 20 km da capital, Teerão.

2  Excerto do comunicado publicado a 28 de janeiro de 2024:

Nós, um coletivo de presos que enfrentam penas de morte, imploramos a vossa ajuda. Alguns de nós são inocentes, enquanto outros erraram devido a infortúnios e dificuldades. Independentemente disso, a todos nós foi-nos negado um julgamento justo e uma representação legal. Embora nos arrependamos dos nossos atos, cometidos durante períodos miseráveis das nossas vidas, não merecemos a morte e não nascemos criminosos. (...) A partir desta semana, iremos iniciar uma greve da fome todas as terças-feiras, dado que este é muitas vezes o último dia em que os nossos companheiros de cela estão vivos antes de serem transferidos para serem executados. (...) Em nome de um grupo de presos no corredor da morte na Prisão de Qezel Hesar. (Os nossos nomes foram ocultados para evitar execuções aceleradas).

3  Instagram do movimento Burn The Cage [Queimar a Jaula], 31 de janeiro de 2024.

4  “Irão executa pelo menos 28 pessoas em dez dias enquanto as execuções continuam”, iranintl.com, 1 de fevereiro de 2024.

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