Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 6 de Novembro de 2006, aworldtowinns.co.uk
Raymond Lotta no México: “O socialismo é muito melhor que o capitalismo e o comunismo será um mundo ainda melhor”
Recebemos recentemente o seguinte relato do México relativo a uma série de palestras que aí tiveram lugar em Maio.
Os preparativos para a visita do economista político maoista norte-americano Raymond Lotta começaram alguns meses antes, quando foi formado um comité para organizar as palestras em vários estados do México. Tínhamos ouvido falar da campanha “Repor a Verdade” nos Estados Unidos e pensámos que era importante que ele desse no México a palestra “O socialismo é muito melhor que o capitalismo e o comunismo será um mundo ainda melhor”.
O objectivo da viagem ao México foi contrariar a propaganda do sistema que alega que o socialismo foi um fracasso e um pesadelo que não deve ser repetido porque o único sistema possível é o capitalismo.
A presença de Lotta no México foi muito importante porque as palestras que ele deu em Oaxaca, Puebla, Tlaxcala e na Cidade do México divulgaram a verdade sobre a experiência histórica do socialismo. Ele confrontou muitas das distorções mais divulgadas e também ajudou as pessoas a verem que há uma possibilidade de transformação do mundo para que possamos viver melhor – não através da construção de ideias utópicas mas sob a orientação de ideias que correspondam à realidade e que possam assim ser aplicadas para a transformar. Lotta mostrou que na primeira vaga de revoluções socialistas, a Rússia e a China conseguiram grandes mudanças que ninguém pode negar, embora, sim, devam ser criticamente analisadas, como ele fez durante as palestras no México.
As palestras foram organizadas em várias universidades mexicanas importantes: a Universidad Nacional Autónoma de México, a Universidad Autónoma de la Ciudad de México, o Instituto Politécnico Nacional, a Benemérita Universidad Autónoma de la Puebla e a Universidad Autónoma “Benito Juárez” de Oaxaca. As cerca de 800 pessoas que assistiram às nove palestras no México mostraram um grande interesse em conhecer e trocar ideias sobre a experiência das revoluções socialistas.
Falando sobretudo para audiências de pessoas desejosas de saber o que é o socialismo, Lotta expôs uma análise objectiva dos avanços e dos erros das revoluções socialistas na Rússia e na China. Ele falou das mudanças nas leis e nas atitudes a favor das mulheres, dos progressos na saúde e na educação, do desenvolvimento de novas economias socialistas onde a produção não procurava o lucro máximo mas a emancipação da humanidade, da autodeterminação das nacionalidades oprimidas e dos progressos na luta pela eliminação de todas as formas de discriminação, da criação de uma nova cultura revolucionária e sobretudo do papel dinâmico e consciente das massas no governo dessas novas sociedades e no apoio à revolução no mundo. Lotta disse o seguinte sobre o comunismo: “Imaginem uma sociedade onde as pessoas aprendem conscientemente e transformam o mundo, (...) onde as pessoas já não estão encarceradas pelas grilhetas da tradição e da ignorância, (...) onde as pessoas não só trabalham cooperativamente para produzirem os bens essenciais, mas entram na arte, na cultura e na ciência – e se divertem a fazê-lo, (...) onde a perspectiva científica e o voo da imaginação fortalecem e inspiram-se um ao outro, (...) onde há unidade e diversidade, um debate alargado e uma luta ideológica sobre o rumo e o desenvolvimento da sociedade – mas já não marcados pelo antagonismo social, (...) onde as pessoas interagem entre si com base no respeito mútuo, na preocupação e no amor pela humanidade. Um mundo que se preocupa e cuida do meio ambiente. Isso é o comunismo. (...) O comunismo não é nenhum tipo de sonho ou utopia aérea. O desenvolvimento da sociedade humana trouxe a humanidade a um patamar histórico.” Ele também explicou: “O socialismo não é um grande estado de segurança social que cuida das pessoas. Não é a velha economia capitalista apenas sob o controlo de um estado. O socialismo é uma fase de transição do capitalismo para o comunismo, para a sociedade sem classes. O socialismo tem a ver com o proletariado, em aliança com os seus aliados que compõem a grande maioria da sociedade, a transformar conscientemente as estruturas económicas, as relações sociais e as ideias que perpetuam a divisão social e as classes. Tem a ver com incentivar a criatividade e a iniciativa dos que têm estado nos níveis mais baixos da sociedade.” Tudo isso foi bem fundamentado na investigação que Lotta fez durante a sua vida como economista político maoista e que foi reconhecida por outros investigadores como o historiador Howard Zinn.
Houve uma rica troca de experiências e ideias com as pessoas com quem ele se encontrou no México. Lotta abriu o debate entre pontos de vista e comentários e sobretudo deu respostas objectivas às dúvidas e perguntas das pessoas. Nesse processo, ele era guiado pelo desejo de aprender com a crítica e os comentários. Por isso, Lotta demonstrou o seu próprio desejo fervente de aprofundar as suas próprias palavras e fortalecer a nova visão científica do socialismo e do comunismo. As audiências estavam muito interessadas na palestra, o que gerou muito debate, questões e opiniões contrárias. Foram muitas as perguntas sobre a restauração capitalista na China; sobre qual o caminho para o México ter mudanças radicais como a China e a Rússia; porque é que hoje já não há nenhum país socialista no mundo; e o que é que se passa com Cuba, a Venezuela e a Bolívia.
Muita gente envolveu-se na esfera das ideias, algo que neste sistema é exclusivamente para intelectuais. O debate sobre o socialismo e o comunismo renovou-se nas universidades. Lotta e esta nova perspectiva do socialismo despertaram o interesse de intelectuais, estudantes, camponeses, donas de casa, operários e outros, para imaginarem um mundo novo, uma sociedade onde as massas têm o poder e o usam para transformar tudo. As pessoas perguntaram como é que serão as sociedades socialista e comunista; como serão encaradas questões como a religião ou a homossexualidade; como será abordada a opressão das mulheres, sobretudo das mulheres indígenas; haverá aí liberdade para escrever sobre questões não directamente relacionadas com a revolução; e será permitido o multiculturalismo? Estas e muitas outras questões indicavam uma grande esperança em mudar o actual estado das coisas e um desejo em contribuir para essa transformação.
Lotta também partilhou connosco a nova perspectiva desenvolvida por Bob Avakian, presidente do Partido Comunista Revolucionário dos EUA. Ele falou dessa nova síntese, como a do núcleo sólido com muita elasticidade, por que é que é perigoso quando os comunistas não têm um espírito poético, por que é importante que os intelectuais representem um papel na luta pela transformação do mundo e na luta na esfera das ideias, por que é importante resolver a contradição entre líderes e liderados e por que é necessária a liderança do proletariado.
A visita de Lotta gerou um maior interesse na experiência socialista e no comunismo bem como nos seus livros que focam problemas que surgem no capitalismo. Ele respondeu a perguntas sobre a possibilidade de se mudar o sistema. Mostrou que há uma alternativa para transformar as coisas se mantivermos os nossos neurónios muito afinados com a realidade que estamos a viver. Globalmente, Lotta deixou-nos lições – como revolucionário, economista, camarada e ser humano – vindas de nos ter dado o seu coração e alma e nos ter mostrado a correspondência entre os seus ideais e as suas acções. Mostrou que as vitórias do socialismo servirão de base para se iniciarem futuras revoluções e que temos que refutar as distorções que o imperialismo divulga para preservar o seu sistema que ameaça o planeta e toda a humanidade.
Nas conversas e nas palestras, Lotta opôs-se às acções do imperialismo norte-americano contra o mundo oprimido e salientou o seu dever, como norte-americano, de mostrar solidariedade com as lutas revolucionárias em todos os países. Também sublinhou, entre outras coisas, a importância de divulgarmos amplamente o que aprendemos. Mas, ele salientou que isso não era fácil e, por isso, é importante termos muita clareza nos objectivos e metodologias ao tomarmos o caminho para uma mudança radical.
Em suma, o intercâmbio de ideias deixou-nos profundas reflexões que serão projectadas no fermento da sociedade, como o trabalho e a luta que as pessoas desenvolvem para a revolução que trará um mundo muito melhor para todos.