Da edição n.º 537, de 2 de abril de 2018, do jornal Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA (http://revcom.us/a/537/massacre-in-gaza-israel-opens-fire-on-unarmed-palestinos-en.html em inglês e http://revcom.us/a/537/masacre-en-gaza-israel-abre-fuego-contra-palestinos-no-armados-es.html em castelhano).
Massacre em Gaza: Israel abre fogo sobre palestinos desarmados, resultando em 15 pessoas assassinadas e 1400 feridas

Na sexta-feira, 30 de março, as forças israelitas abriram fogo sobre milhares de palestinos desarmados num protesto não violento ao longo da fronteira de Gaza com Israel.
Segundo os relatos disponíveis, pelo menos quinze manifestantes foram mortos pelas tropas israelitas. O Ministério da Saúde palestino informou que 805 pessoas foram feridas por munições reais. Mais de 1400 pessoas foram feridas – por balas, munições de tanques, balas de borracha e gás lacrimogéneo. No sábado, 31 de março, mais 49 manifestantes desarmados foram feridos por disparos israelitas.
Este massacre ocorre no contexto da postura belicista do regime de Trump e Pence no Médio Oriente, do seu apoio incondicional a Israel e da sua decisão de transferir a embaixada norte-americana para Jerusalém, assinalando assim o seu total apoio a agressões israelitas ainda mais genocidas contra o povo palestino.
Um assassinato em massa premeditado
Israel alegou imediatamente que o protesto era um “ajuntamento terrorista” e que tinham sido os palestinos a começar a violência. Isto são puras mentiras.
Bob Avakian, BAsics [O BÁsico] 5:12
As evidências – entre as quais as próprias palavras de Israel – apontam esmagadoramente para o ataque de Israel ter sido um assassinato em massa premeditado e não provocado para impedir pelo terror que o povo palestino fizesse uma manifestação não violenta.
Na sexta-feira, cerca de 30 mil palestinos tinham-se concentrado para o primeiro dia de um acampamento e protesto programado para durar seis semanas. Eles estavam a exigir que os refugiados palestinos tivessem o “Direito a Regressar” às terras que lhes foram roubadas durante a guerra de 1948 em que Israel foi fundado e ao longo das décadas desde então. Milhares de palestinos também se tinham juntado ao protesto devido ao estrangulador bloqueio de 11 anos imposto por Israel e pelo Egito que transformou as vidas deles num inferno intolerável, e eles exigiram que esse bloqueio fosse levantado.
Nos dias anteriores a esta concentração, as forças armadas de Israel declararam unilateralmente que os palestinos não se podiam manifestar – na própria terra deles! – a menos de 300 metros da fronteira de Gaza com Israel ou disparariam sobre eles. No dia anterior ao protesto, um responsável do governo israelita usou o vídeo de um palestino desarmado a ser baleado, para “ameaçar os habitantes de Gaza”, segundo um ativista israelita dos direitos humanos [ligação em inglês].
Israel também pré-posicionou forças militares na fronteira, incluindo cerca de 100 francoatiradores, bem como tanques e helicópteros.
Então, a 30 de março, antes do amanhecer e antes de os protestos terem começado, um palestino foi assassinado por disparos de um tanque quando trabalhava na quinta dele perto da fronteira. Os israelitas alegam que ele estava a agir “de uma maneira suspeita”. Ele estava a colher salsa.
Durante o protesto, os manifestantes foram atingidos por balas israelitas a centenas de metros da cerca da fronteira. Um vídeo mostra Abdul Fattah Abdul Nabi, um jovem desarmado de 19 anos, a ser atingido na parte de trás da cabeça por francoatiradores israelitas. Ele não tinha nenhuma arma nem nenhum cocktail Molotov, apenas transportava um pneu. “Isso causa algum dano aos israelitas, um pneu?” – perguntou o irmão dele, Mohamed Abdul Nabi. “Ele não estava a ir em direção ao lado israelita. Ele estava a fugir.”
Um jovem de 20 anos tinha acabado de chegar ao protesto. “Ele pediu um cigarro, eu dei-lho, ele deu duas baforadas e então foi atingido na cabeça” – disse o irmão dele ao jornal Washington Post [ligação em inglês]. “Ele só lá estava há 10 minutos.”
Um manifestante escreveu no Twitter: “Eu estava lá, estávamos a protestar pacificamente e os israelitas estavam a disparar diretamente contra nós!!” O jornal New York Times relatou que um manifestante de 18 anos tinha dito que “ter uma bandeira palestina numa mão e uma pedra na outra é suficiente para se ser assassinado por um soldado israelita”. Alguns palestinos atiraram pedras para assinalar que aquela era a terra deles. Mas, como disse um manifestante: “As pedras nunca chegaram sequer à cerca.”
“Sabemos onde caiu cada bala”
Posteriormente, o exército israelita publicou online a seguinte mensagem – vista e copiada por um ativista israelita dos direitos humanos, antes de o exército a ter removido rapidamente:
Ontem vimos 30 mil pessoas; chegámos preparados e com reforços precisos. Nada foi feito de uma maneira descontrolada; tudo foi preciso e medido e sabemos onde caiu cada bala.
Leiam isto novamente. Não é nada menos que uma admissão, um assumir do crédito e uma jactância de terem levado a cabo um massacre previamente planeado.
Isto foi sublinhado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, que declarou: “Aos nossos soldados: bem feito.”
Assassinatos e terror para silenciar a denúncia dos crimes de Israel contra os palestinos
Bob Avakian, BAsics [O BÁsico] 5:11
Por que Israel levou a cabo este massacre selvagem e flagrante? Por uma razão, o protesto em Gaza estava a expor ao mundo inteiro as verdades centrais e os crimes centrais da fundação de Israel em 1948: a violenta expulsão de centenas de milhares de palestinos das casas e das terras deles – terras que os antepassados deles tinham habitado durante séculos. A maioria dos dois milhões de habitantes de Gaza é constituída por refugiados da guerra de 1948 ou por descendentes desses refugiados. O primeiro dia de protesto ocorreu no 42º aniversário do Dia da Terra, um dia que marca o 30 de março de 1976 em que Israel assassinou seis palestinos que protestavam contra o roubo da terra deles no norte de Israel.
O protesto e acampamento de seis semanas deve culminar com uma “Grande Marcha Pelo Regresso” a 15 de maio – o aniversário da fundação de Israel em 1948 como posto avançado de colonos ao serviço do imperialismo, uma data que os palestinos marcam como a Nakba (“a catástrofe”).
Esta história (lê em inglês ou em castelhano) e a permanente limpeza étnica do povo palestino por parte de Israel têm sido implacavelmente suprimidas e sobre elas tem-se dito muitas mentiras. Este acampamento de seis semanas está a atrair um foco global sobre isto num momento em que cada vez mais pessoas em todo o mundo estão a protestar e a questionar as atrocidades tipo apartheid de Israel.
O acampamento de protesto de seis semanas também tinha como objetivo destacar o continuado crime do bloqueio israelo-egípcio da Faixa de Gaza, uma pequena e isolada tira da Palestina na fronteira com o Egito. Este bloqueio fez colapsar a economia de Gaza e transformou esta tira de terra de 40 km de comprimento e 8 km de largura numa prisão ao ar livre. Os palestinos ficaram sem trabalho, sem eletricidade, sem liberdade de movimentos, sem requisitos mínimas de sobrevivência e sem qualquer futuro, deixando-os muito perto dos limites da sobrevivência. O bloqueio criou uma “crise humanitária” que já matou mais de mil palestinos [ligação em inglês].
“A vida em Gaza é dura”, escreveu Atef Abu Saif num devastador retrato [ligação em inglês] no jornal New York Times. “Depois piora e pensamos que isso é intolerável. Mas depois piora ainda mais.”
O ativista e autor israelita Miko Peled argumenta que o bloqueio tem “uma intenção muito clara: ver os habitantes de Gaza a morrer de uma morte lenta – e estamos a falar de 2 milhões de pessoas.” (Lê a entrevista a Peled no programa The Michael Slate Show.)
Das mãos dos Estados Unidos escorre sangue palestino – e Trump e Pence dão luz verde a coisas muito piores

“O caso de Israel: Bastião do Iluminismo ou assassino para o imperialismo?”
(lê em inglês ou em castelhano).
Israel tem levado a cabo uma violenta limpeza étnica que ainda hoje se mantém, incluindo espasmos de assassinatos em massa e massacres, desde a Nakba a este mais recente massacre em Gaza. Os governantes norte-americanos – quer estejam no poder os Democratas ou os Republicanos – há muitas décadas que têm apoiado incondicionalmente Israel (apesar das ocasionais críticas táticas ou de salvação das aparências) e têm nas mãos deles rios de lágrimas palestinas – e de sangue.
Mas agora, como parte do programa fascista dele de “Os Estados Unidos em primeiro lugar” para impor de uma maneira ainda mais violenta e direta a dominação norte-americana em todo o mundo, Trump tem afirmado em voz alta que Israel tem luz verde para fazer tudo o que quiser e que não haverá nenhuma crítica – nem em relação ao tipo de críticas táticas ou diferenças que por vezes têm surgido entre este cachorro de ataque e o seu amo norte-americano.
A mensagem de apoio norte-americano à escalada da limpeza étnica levada a cabo por Israel foi dada em voz alta e clara pelo anúncio da pendente transferência da embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém, que está prevista que venha a ocorrer a, ou perto de, 15 de maio – o dia em que os palestinos recordam a Nakba. (Lê “Uma escalada perigosa: Trump planeia transferir a embaixada norte-americana para Jerusalém”, em inglês ou em castelhano.) E a seguir a este mais recente massacre, o representante norte-americano na ONU culpou o palestinos, dizendo que “pessoas más” estavam a usar os “protestos como cobertura para incitarem à violência” e para “porem em perigo vidas inocentes”.
O massacre israelita ocorre no contexto de sinistras movimentações norte-americanas no Médio Oriente (e em todo o mundo). Trump está a visar o Irão e, a 12 de maio, pode retirar-se do acordo nuclear que os EUA assinaram com o Irão e outras potências globais – um acordo a que Netanyahu e outras forças poderosas em Israel se têm oposto. Isto iria escalar radicalmente as tensões na região e possivelmente conduzir a uma guerra norte-americano-israelita contra o Irão.
O deliberado e premeditado massacre israelita de 30 de março, bem como as suas ameaças de “expandir” os seus ataques se os palestinos continuarem a protestar, tem como objetivo aterrorizar as massas palestinas e os outros povos de toda a região, em antecipação à transferência da embaixada norte-americana para Jerusalém e à possibilidade de ainda maiores crimes norte-americano-israelitas futuros.
Os palestinos têm denunciado os assassinatos em massa de Israel como sendo um crime e têm exigido justiça. Todas as pessoas de consciência, onde quer que estejam, devem estar ao lado deles, condenando em voz alta e inequivocamente o massacre israelita!