Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 5 de Janeiro de 2015, aworldtowinns.co.uk
Marrocos: Estudantes combatem a polícia e o regime




Os estudantes de direito da Universidade Mohammed I na cidade de Oujda, no nordeste de Marrocos, repeliram a polícia e ocuparam o campus a 22 de Dezembro. Os campi universitários de Marrocos têm sido repetidamente campos de batalha, sobretudo desde Abril passado, quando os estudantes radicais enfrentaram os islamitas na altamente politizada e polarizada Universidade de Fez. Nessa altura, a direcção islamita, que desempenha funções sob a autoridade do rei Mohammed VI, declarou que o movimento estudantil era um problema de “segurança pública”, autorizou a polícia a entrar nas instalações universitárias (que antes lhes estavam fora de limites) e restringiu as manifestações no campus.
Os estudantes de Oujda estavam em greve, tendo montado mesas de literatura e bloqueado o acesso a um edifício da faculdade de direito, num protesto contra os exames de admissão e os procedimentos de um programa de mestrado que só admitem 240 estudantes dos 900 que completaram os cursos de licenciatura universitária. A polícia entrou em força, carregando com inúmeros veículos e tentando cercar a zona aberta ocupada pelos estudantes, mas parece ter sido forçada a retirar-se pelos jovens que defenderam as suas posições no terreno. Apesar do cerco ao campus pelas forças de segurança, os protestos transbordaram para vários bairros de Oujda. (Para ver um vídeo da encarniçada batalha, vá a Dalil-Rif.com.)
Esta universidade é conhecida pela sua radical oposição antigovernamental e o Ministro da Educação Lahcen Daoudi denunciou duramente os estudantes. Ele alegou que o verdadeiro objectivo político deles era o regime e que tendo-se armado “com pedras e cebolas para fazerem bombas de gás lacrimogéneo”, tinham ferido cem polícias. Os estudantes responderam com um protesto na universidade.
As autoridades escolheram para atacar a organização Voie Démocratique Basiste (Via Democrática de Base) em relação a estes protestos estudantis. Muitos estudantes alegadamente associados à VDB têm sido presos durante os últimos anos. Os dirigentes estudantis encarcerados, tanto os que há muito estão à espera de julgamento como os já condenados, têm iniciado repetidas greves da fome – muitas vezes subsistindo a açúcar e água, e às vezes não – pelo reconhecimento dos seus direitos como presos políticos e contra os abusos prisionais, e exigindo a aceleração dos julgamentos e autorização para continuarem os seus estudos na prisão.
Um deles foi Mustapa Meziani, que morreu a 15 de Outubro último depois de uma greve da fome de 72 dias em Fez. Abelhak Atalhaoui, na prisão de Essaouira, fez uma prolongada greve da fome em Outubro. Mais recentemente, Aziz el Khalfaoui, um dirigente do Movimento Estudantil 20 de Fevereiro, detido a 4 de Setembro de 2014 e ainda à espera de julgamento em Marraquexe, entrou em greve da fome a 3 de Dezembro. Entrou em coma e foi hospitalizado a 15 de Dezembro. Redouane el Aaimi, preso na mesma altura e também em greve da fome desde 3 de Dezembro em Marraquexe, é dado como estando gravemente doente.
Uma semana depois, a estes dois jovens juntaram-se na sua acção dois outros presos, Aziz el Bour e Mohamed el Mouden, que estão a cumprir penas de três anos na cidade de Tiznit, no sul de Marrocos.
As autoridades têm bloqueado as notícias na comunicação social destes protestos nas prisões e não se sabe mais nada deles desde finais de Dezembro.