Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 28 de Fevereiro de 2005, aworldtowinns.co.uk
Grandes protestos contra a visita de Bush à Europa
O ar da noite estava invulgarmente frio e nevava em Bruxelas a 21 de Fevereiro, o segundo de três dias de manifestações contra a visita do Presidente Bush dos EUA. Gente que saía do trabalho fluía para a embaixada dos EUA em Troon, onde Bush tinha estado no dia anterior para se reunir com os líderes da NATO e os chefes de estado da União Europeia. Polícias vestidos de escuro e botas alinhavam-se à frente de uma parede de carrinhas da polícia e carros celulares. Uma grande parte da cidade tinha sido bloqueada, com barreiras de arame farpado em todos os cruzamentos.
Nesses protestos altamente criativos destacava-se uma grande estátua de Bush, ainda mais anedótica que a que foi derrubada em Londres há dois anos. Um jovem grupo anarquista de teatro marcava constantemente o ritmo. Havia bandeiras, faixas e cartazes de toda uma variedade de organizações de esquerda, bem como de grupos ambientalistas, pacifistas e anarquistas e gente de todas as idades, explodindo de raiva contra os crimes de guerra do imperialismo norte-americano e demonstrando a sua fúria sobre a tortura de prisioneiros em Abu Ghraib, Guantânamo e Bagram. Muitos cartazes diziam simplesmente: “Bush, não és bem-vindo”. Um cartaz mostrava uma grande retrete com um retrato de George Bush colado e a frase: “Dêem uma oportunidade à paz (piss)”. Nessa multidão de cerca de 6000 pessoas de diferentes nacionalidades, classes sociais e idades, estava verdadeiramente reflectido o ódio à nova ofensiva liderada pelos EUA contra os povos do mundo.
Fazia ainda mais frio e havia mais neve no dia seguinte, o terceiro dia das manifestações anti-Bush, em que ocorreu uma tumultuosa manifestação em Jubelpark (Parque do Cinquentenário). Foram colocadas barreiras de arame farpado em todos os cantos e recantos dessa zona da cidade. Com um silêncio assustador, os polícias vestidos de escuro inspeccionavam todos os transeuntes. A maioria das ruas e estradas foi fechada ao público. O espírito dos manifestantes contrastava uma vez mais claramente com essa visão horrível e repressiva. Activistas dos direitos dos animais estavam vestidos de pássaros, ratos, coelhos e peixes gigantes. Os tambores lá estavam novamente, bem como enormes balões muito coloridos que flutuavam no ar e uma miríade de faixas e bandeiras. À medida que a manifestação deixava o parque e se aproximava do Parlamento Europeu, podiam ser vistas inúmeras bandeiras vermelhas, entre elas, tal como antes, a bandeira do Movimento de Resistência Popular Mundial (MRPM). Um comunicado distribuído pelo MRPM tinha como título: “Não a Bush e a tudo o que ele representa! Não à conivência com a ocupação – Todas as potências estrangeiras fora do Iraque, já! Povos do mundo unidos para parar a ofensiva imperialista liderada pelos EUA!” Num outro, lia-se: “A resistência dos povos não é terrorismo! Imperialistas e reaccionários, tirem as mãos do Nepal!” Outras organizações anti-imperialistas representaram um importante papel nesta manifestação de cerca de 2000 pessoas, incluindo muita gente da Turquia, do Nepal e outros imigrantes, bem como belgas e outros europeus.
A escala seguinte de Bush na sua viagem, a Alemanha, viu um aparato de segurança sem precedentes em Frankfurt, onde ele estava apenas de passagem, e em Mainz, onde se reuniu com o Chanceler alemão Schroeder. Os jornais comentaram que Bush foi o primeiro presidente dos EUA em mais de quatro décadas a visitar o país sem dar um passeio rodeado por uma multidão. Em vez disso, o centro da cidade estava completamente despovoado quando a caravana de Bush o atravessou a grande velocidade. Os planos para que Bush falasse numa reunião com habitantes da cidade foram cancelados. Segundo a comunicação social, para evitar incidentes embaraçosos os únicos alemães com que Bush se encontrou foram o chanceler, dois jornalistas alemães numa conferência de imprensa e um pequeno grupo, escolhido a dedo, denominado “Os Jovens Líderes”. Uma manifestação “Bush não é bem-vindo” decorreu em Mainz a 23 de Fevereiro, atraindo cerca de 12.000 pessoas para um protesto no exterior da zona de exclusão. Também aqui havia uma presença muito forte de polícias de choque com roupa de protecção e helicópteros que pairavam pouco acima da multidão indicando claramente o medo que os EUA e as autoridades alemãs têm do ódio a Bush e a tudo o que ele representa.
Outro protesto anti-Bush ocorreu em Munique no mesmo dia, envolvendo cerca de 4000 pessoas que levavam cartazes onde se lia “Terrorista N.º 1 dos EUA” e “Bush nada até casa”, entre outras palavras de ordem. Bush foi a uma base norte-americana perto em Wiesbaden, para se apresentar às tropas norte-americanas aí estacionadas. No início de Fevereiro, vários milhares de manifestantes protestaram contra a cimeira da NATO reunida em Munique.
A imprensa relatou há alguns meses que o mais próximo aliado dos EUA, Tony Blair, tinha pedido a Bush que não fosse à Grã-Bretanha para evitar desencadear o tipo de enormes protestos que aí recebeu Bush no ano passado.
No geral, não se pode dizer que a visita de Bush tenha sido uma “excursão europeia”. Foi apenas um curto passeio por algumas ruas esvaziadas dos seus habitantes e caracterizado por uma segurança blindada.