O seguinte artigo com relatos dos protestos da Semana de Indignação nos EUA é reproduzido do n.º 365 do jornal Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA (a 15 de Dezembro de 2014 em inglês em revcom.us/a/365/week-of-outrage-coast-to-coast-en.html e a 18 de Dezembro de 2014 em castelhano em revcom.us/a/365/semana-de-indignacion-de-costa-a-costa-es.html). As fotos incluídas também são reproduzidas desse sítio internet. Foram ainda acrescentadas, entre parênteses rectos, notas para um melhor esclarecimento dos leitores da Página Vermelha.
EUA: Semana de Indignação de costa a costa
A 7 de Dezembro, a Rede Acabar com o Encarceramento em Massa [SMIN na abreviatura em inglês] organizou Reuniões de Massas de Emergência em cidades por todos os EUA para desenvolver planos para continuar e reforçar o movimento contra a brutalidade e os assassinatos policiais — para elevar as coisas para um nível superior. Houve reuniões em Nova Iorque, Zona da Baía de São Francisco, Chicago, St., Louis/Ferguson, Los Angeles e New Haven, Connecticut.
Ao longo dos últimos dias, o sítio revcom.us tem colocado notícias de eventos que ocorreram durante esta Semana de Indignação. O seguinte artigo é uma descrição mais completa de acções ocorridas durante a Semana de Indignação e das quais o revcom.us/Revolution/Revolución recebeu relatos. Encorajamos os leitores a enviarem relatos de protestos e eventos da Semana de Indignação para
1º Dia — Segunda-Feira, 8 de Dezembro
Conferência de Imprensa em Nova Iorque. A Rede Acabar com o Encarceramento em Massa deu o pontapé de saída da Semana de Indignação com uma conferência de imprensa para anunciar a semana de actividades de solidariedade e continuação dos protestos que tinham rebentado a nível nacional depois de dois grandes júris se terem recusado a acusar os polícias que assassinaram Michael Brown e Eric Garner. [Os grandes júris são órgãos legais de origem feudal que praticamente já só existem nos Estados Unidos, constituídos por um grande número de cidadãos e separados do sistema judicial, que decidem se deve haver acusações em casos criminais, operando em total secretismo e sem escrutínio público, onde não é permitido aconselhamento legal, e famosos por serem usados em casos de repressão política e social]
Frente à Câmara Municipal juntaram-se Carl Dix, co-fundador da SMIN, Elena Cohen, presidente da Secção de Nova Iorque do Grémio Nacional de Advogados, o artista e membro do Clube Revolução de Nova Iorque Jamel Mims, bem como os pais de vítimas de assassinatos policiais Juanita Young e Nicholas Heyward Sénior.
Carl Dix disse: "A nossa mensagem é muito simples. Dado que a 'rotina normal' da América sempre incluiu o assassinato de negros e latino-americanos pelas forças da lei, esta semana essa rotina normal deve ser interrompida."
Die-in no Centro Barclays, Brooklyn. No Centro Barclays estavam muitos órgãos de comunicação social para cobrir o jogo de basquetebol New York Nets-Cleveland Cavaliers devido à presença de dois membros da família real britânica. O jogador estrela dos Cavaliers, LeBron James, e vários outros jogadores de ambas as equipas entraram no campo para o aquecimento usando t-shirts "Não Consigo Respirar". James falou mais tarde à imprensa sobre o apoio dele ao movimento contra os assassinatos policiais e do apoio às famílias de vítimas de assassinatos policiais. Ao mesmo tempo, lá fora, apesar do frio intenso e de uma muito pesada e agressiva presença policial, muito mais de 1000 pessoas protestavam – fazendo um poderoso die-in. Atravessando toda a praça da arena, as vozes ecoavam nos edifícios. "As Vidas dos Negros são Importantes!" e "Não Consigo Respirar!" foram cânticos de assinatura fortemente intercalados com "Acusem, Condenem, Mandem os Polícias Assassinos Para a Prisão; Todo o Maldito Sistema é Culpado Como o Diabo!"
2º Dia — Terça-Feira, 9 de Dezembro
Flash Mob em Nova Iorque. Um grupo de artistas organizou uma flash mob com mais de 100 pessoas no Grande Terminal Central, o centro do principal terminal de transportes onde muitos passageiros apanham os seus comboios para os subúrbios. Os manifestantes utilizaram uma combinação de teatro e dança, artistas a solo e uma bem ensaiada participação do público para reproduzirem os últimos minutos da vida de Eric Garner. A flash mob transformou-se num ponto focal e atraiu multidões durante quase duas horas, tendo sido coberta pelos principais órgãos de comunicação social.
Die-in em Nashville de protesto contra as decisões dos grandes júris
Município de Chesterfield, Virgínia. Um grupo de estudantes da Escola Secundária de Meadowbrook organizou uma manifestação "Mãos Para Cima" à frente da escola. A manifestação, que durou cerca de 15 minutos, teve lugar no intervalo das aulas.

Estudantes e professores da Faculdade de Direito da Universidade de Chicago vestiram-se de negro em protesto contra a decisão relativa a Ferguson.

Líderes religiosos cantam espirituais em frente à Câmara Municipal da Cidade de Nova Iorque como parte da Semana de Indignação.

Auto-estrada interestadual da Califórnia bloqueada. Pela segunda noite consecutiva, os manifestantes bloquearam a Interestadual 80 em Berkeley. Um manifestante disse à CNN: “Estamos aqui porque o sistema tornou óbvio que as vidas dos negros não têm importância e nós, enquanto povo, não estamos de acordo com isso.” Cinquenta pessoas foram presas por terem bloqueado a auto-estrada. Os manifestantes também impediram um comboio de sair para Berkeley, sentando-se na via-férrea.

Londres.
3º Dia — Quarta-Feira, 10 de Dezembro
Nova Iorque – Die-in no Macy's. Um die-in não violento de resistência civil teve lugar nos grandes armazéns Macy's. O dia de acção decorreu na calçada das ruas das compras de Natal e das atracções turísticas, apesar da chuva fria e da neve que caía. Muitos dos transeuntes juntaram-se-lhe gritando "Não Consigo Respirar, Não Consigo Respirar!" quando este grito de protesto emergiu por entre os edifícios e o trânsito intenso.
"WhiteCoats4BlackLives" ["Casacos Brancos para as Vidas dos Negros"]. Os estudantes de medicina, aos quais se juntaram alguns profissionais de saúde, organizaram protestos em mais de 70 escolas de medicina em todos os EUA, denunciando a violência policial e outras formas de violência sistémica contra as pessoas de cor como sendo uma emergência de saúde. Os protestos ocorreram em muitas das mais prestigiadas escolas dos EUA, entre as quais a Universidade de Columbia na Cidade de Nova Iorque, a Universidade Johns Hopkins em Baltimore e a Case Western Reserve em Cleveland. Estes protestos envolveram pelo menos 1000 pessoas e foram apoiados pelos Estudantes por um Programa Nacional de Saúde, um grupo com 19 mil sócios.
Auto-estrada 110 bloqueada em Los Angeles.

Artistas na Grande Estação Central.
Eric Holder interrompido. Interrupção do discurso de Eric Holder.
4º Dia — Quinta-Feira, 11 de Dezembro

Regresso ao Local do Crime em Staten Island. Os manifestantes regressaram ao local do crime em Staten Island – o local onde um polícia do NYPD [Departamento de Polícia de Nova Iorque] estrangulou Eric Garner até à morte. A filha, Erica Garner, em nome do seu falecido pai, organizou uma vigília e um die-in para exigir o fim da brutalidade autorizada das forças da lei. Os manifestantes, entre os quais membros da SMIN, enfrentaram o frio na Bay Street, em St. George, recordando Eric Garner com uma vigília solene e seguiram depois numa manifestação que serpenteou a Bay Street e a Victory Boulevard em Tompkinsville, que é agora um lugar de peregrinação na luta contra a brutalidade policial, avançando em filas com velas votivas acesas e flores. Erica Garner ajoelhou-se no exacto local onde o pai dela foi morto em Julho e depois mais de 50 pessoas também se deitaram num die-in.

Bryant Square, Cidade de Nova Iorque.

Dezenas de pessoas foram presas num gigantesco die-in em Londres.

Professores da Zona da Baía de São Francisco Contra a Brutalidade Policial.
No local do assassinato, Erica Garner falou e foi entrevistada.
Protesto #BlackLivesMatter na Igreja Unida da Trindade.
5º Dia — Sexta-Feira, 12 de Dezembro
Die-in no Harlem. A calçada e a rua à frente do conhecido Teatro Apollo foram o local de um die-in às 5h da tarde em que participaram 150 pessoas. Depois, às 6h, a um quarteirão do Edifício Estadual, as pessoas vindas do die-in e outras juntaram-se ao Clube Revolução e à SMIN para um speakout [intervenções públicas] em que foram lidos testemunhos de pessoas cujas famílias foram atiradas para o pesadelo da sua vida sob o terror do NYPD. Ao speakout seguiu-se uma concentração e uma manifestação – ao som de apitos soprados ao longo do caminho – até à muito odiada 26ª esquadra, no Harlem Ocidental, onde foram prestados mais testemunhos de uma forma desafiadora e corajosa, mesmo à frente da esquadra!

Professores da Cidade de Nova Iorque juntaram-se aos protestos a nível nacional contra as decisões dos grandes júris sobre os assassinatos policiais de Michael Brown e Eric Garner, concentrando-se frente a uma esquadra de polícia no Harlem.

Rockford, Ilinóis, em solidariedade com #MikeBrown #ericgarner #ferguson #ICantBreathe.

O mundo inteiro está a ver, Times Square. #icantbreathe #ericgarner #akaigurley #shutitdownnyc #handsupdontshoot.

Die-in frente ao Harpo's em Ferguson.

Universidade Estadual de Jackson (Mississípi).