Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 25 de Setembro de 2006, aworldtowinns.co.uk

Bombas de fragmentação:
Continua a guerra de Israel contra os civis libaneses

Abbas Yusef Shibli, de seis anos, estava a jogar com três amigos quando tentou apanhar o que parecia ser um frasco de perfume. Ficou com uma ruptura no cólon e a bexiga irritada, com um pulmão perfurado e os nervos afectados e já fez duas transfusões de sangue, até agora. Os três colegas dele também ficaram feridos, embora não tão gravemente. Mahmud Yaqub, um pastor de 38 anos, estragou a perna ao pisar uma bomba de fragmentação. Ele disse que na encosta onde as suas cabras normalmente pastam estão espalhados muitos fragmentos de bombas. Hassan Hussein Hamadi, de treze anos, continua em coma depois de ter tentado apanhar uma bomba de fragmentação com a forma de uma lata. Numa situação crítica a sangrar dos intestinos, do fígado e da cabeça, Hussein Qaduh, um estudante de contabilidade, estava a caminhar ao lado de um campo de futebol quando uma bomba de fragmentação explodiu. Depois de investigada essa zona, foram descobertas muitas centenas de bombas não detonadas espalhadas pelo campo e pelos caminhos.

Segundo um decepcionado comandante do Sistema de Lançamento Múltiplo de Rockets (MLRS) das Forças Israelitas de Defesa, nos últimos 10 dias da guerra o exército israelita lançou mais de 1,2 milhões de bombas de fragmentação sobre o sul do Líbano. Ele disse que “o que fizemos foi louco e monstruoso, cobrimos cidades inteiras com bombas de fragmentação”. O comandante continuou, explicando que, devido à incapacidade de atingir alvos individuais com precisão, as unidades inundavam o campo de batalha com munições, criando uma paisagem coberta de lixo explosivo espalhado pelo Líbano do pós-guerra.

Segundo alguns relatos, esses números são conservadores: não têm em conta as munições lançadas de outras formas, para além do MLRS.

Um relatório das Nações Unidas declarava que 90% dos ataques com bombas de fragmentação israelitas ocorreram durante as últimas 72 horas da guerra, mesmo na véspera do cessar-fogo. Uma equipa da ONU que esteve a limpar o Líbano das minas terrestres deixadas pelos soldados israelitas quando se retiraram do Líbano há 20 anos, teve que passar a concentrar-se em desmantelar bombas de fragmentação.

Essas bombas são do tamanho de latas de refrigerantes e às vezes parecem brinquedos. Diz-se aos reservistas do exército israelita que essas bombas estão destinadas a ser utilizadas numa guerra total. Israel chama-lhes “armas do dia do juízo final”. Quando disparadas de curta distância, quase metade das bombas ficam letalmente adormecidas, à espera de serem activadas. Essas pequenas bombas não detonadas e indiscriminadas aterraram em jardins, e campos de oliveiras e limoeiros; ficaram espalhadas em parques de diversão, estradas, casas e ruas; acumularam-se no cimo de telhados e esconderam-se em pilhas de madeira à espera de explodir nas mãos de civis.

As bombas de fragmentação são repugnantemente populares quando estados em guerra querem castigar a população civil. As forças da NATO usaram bombas de fragmentação na Sérvia. Elas foram extensivamente usadas pelos EUA durante a guerra do Vietname e também no Afeganistão e no Iraque. A Grã-Bretanha também tem usado bombas de fragmentação no Iraque.

Muitos grupos de direitos humanos afirmam indignados que o uso de bombas de fragmentação em zonas civis é um crime e vai contra as Convenções de Genebra e que Israel actua fora das leis da guerra. Segundo Kenneth Roth, da organização Human Rights Watch, essas bombas adormecidas tornam-se efectivamente em minas terrestres. A Amnistia Internacional apelou a Israel para que fornecesse mapas das zonas bombardeadas com bombas de fragmentação de modo a permitir uma limpeza mais rápida das zonas agrícolas atingidas pela guerra no sul do Líbano; e apelou aos EUA, o principal fornecedor de armas a Israel, para que assinasse uma moratória mundial sobre a sua utilização. Mas um recente voto do Senado dos EUA derrotou uma emenda que proibia o uso de bombas de fragmentação próximo de zonas povoadas por civis, dando aos EUA a liberdade de continuarem a abastecer Israel com essas bombas mutiladoras e de as usarem eles próprios.

Segundo os monitores independentes, as bombas de fragmentação israelitas mataram 83 libaneses durante o mês seguinte ao cessar-fogo de 14 de Agosto. Os números de vítimas subirão nitidamente no próximo mês, quando os camponeses começarem as colheitas e a recolha das azeitonas das árvores cujas folhas e ramos escondem bombas que explodem ao menor movimento.

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