Recebemos do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar uma versão em inglês do seguinte comunicado.

 

Comunicado do CoMRI:

A luz verde dos EUA aos assassinatos em massa de Israel na Palestina e no Líbano

O seguinte comunicado foi emitido pelo Comité do Movimento Revolucionário Internacionalista, o centro embrionário dos partidos e organizações marxistas-leninistas-maoistas do mundo.

Milhares de sofisticadas bombas de precisão made in America destroem deliberadamente cidades e aldeias libanesas, mesquitas e igrejas, aeroportos e portos, fábricas de leite, silos de cereais, centrais eléctricas e redes de comunicações. Os panfletos israelitas gritam às massas libaneses para que abandonem as suas casas antes que sejam atingidas por mísseis israelitas e os que fogem são bombardeados do ar nos seus veículos, muitos deles com bandeiras brancas desfraldadas, enquanto pontes e estradas são destruídas, deixando as pessoas presas e impedindo que a ajuda humanitária chegue a elas. No momento em que escrevemos, já cerca de 1000 libaneses foram mortos pelas bombas e outras munições norte-americanas às mãos dos atiradores israelitas (na sua maioria usando uniformes do exército) e mais de um quarto da população foi deslocada, com os números a subir diariamente.

Israel tem representado o papel de cão de fila dos interesses imperialistas há mais de meio século, desde a sua criação como estado sionista de base religiosa na terra palestiniana. Quanto tempo duraria Israel sem os milhares de milhões de dólares de ajuda que recebe dos Estados Unidos? Hoje, o seu papel de gendarme da região está a ser subitamente ampliado para servir os objectivos geoestratégicos dos terroristas à escala mundial aquartelados em Washington que já derramaram rios de sangue das massas em guerras e crimes de agressão cometidos em todo o globo. Sendo abomináveis e desprezíveis, estes massacres agora desencadeados contra a população libanesa podem ser apenas um prelúdio para uma guerra muito mais vasta para redesenhar o mapa político, económico e social do Médio Oriente para servir os interesses imperialistas dos EUA – e que é parte integrante do seu programa global. Não se trata apenas de controlar os recursos e o petróleo, trata-se de desenvolver um mais completo domínio dos EUA sobre uma região estratégica do mundo e de tentar quebrar a vontade e esmagar as aspirações nacionais e a resistência de uma população cujo ódio ao imperialismo norte-americano em particular, e aos seus assassinos sionistas em Israel, tem poucos limites. Também tem por objectivo limitar (ou “mudar”) regimes como a Síria e o Irão que não estão inteiramente sob seu controlo.

A invasão e os bombardeamentos aéreos de Israel sobre cidades libanesas iniciados em 1982 mataram quase 20 000 pessoas e, enquanto o exército sionista de Sharon montava guarda, centenas de palestinianos foram assassinados pelos falangistas nos campos de refugiados de Sabra e Shatila, no Líbano. O Hezbollah foi formado nesse período como movimento xiita libanês para lutar contra a ocupação israelita do sul do Líbano, mas também agiu aí como força de limitação da resistência palestiniana. Com a sua natureza contraditória e ao resolver evitar a questão essencial da ocupação israelita da Palestina, contribuiu para manter uma frágil estabilidade sionista-imperialista nessa zona.

A máquina de terror do estado israelita pôde assim virar os seus ataques para a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, assassinando militantes e civis palestinianos, construindo muros tipo “apartheid” para dividir fisicamente as duas populações e a sua terra, expandindo os seus colonatos nos territórios retirados à Palestina, destruindo o seu sustento agrícola, as infra-estruturas e milhares de casas e, através do seu sistema repressivo de controlo, mantendo numa forma de cativeiro diferente aqueles que ainda não estão nas suas prisões. Com a eleição do Hamas no início de 2006 – um reflexo da bancarrota dos anteriores esforços patrocinados pelos imperialistas para chegarem a um acordo com Israel – os amos norte-americanos em conjunto com Israel tomaram a decisão política – e militar – de pôr de lado a conversa da “paz” internacional e usar a ocasião para quebrar a espinha ao governo palestiniano e tentar derrotar a resistência armada palestiniana de uma vez por todas com o regime de terror diário de Israel. A cascata de bombas no Líbano para eliminar o Hezbollah da parte sul desse país é mais um passo nesse “roteiro militarizado”. O objectivo não é obter a paz, mas manter a guerra e reforçá-la através de actos de carnificina em massa e de destruição com o direito auto-atribuído pelos governantes dos EUA e de Israel a matar nessa região quem quer que eles queiram, em nome de qualquer demagogia que os sirva no momento. Por vezes essa conversa invoca a paz, outras vezes fala em acabar com o “terrorismo” ou provocar as (implicitamente sangrentas) dores de parto da democracia no Médio Oriente, como lhes chamou Condoleeza Rice, a actual caixeira-viajante de Bush. Ao mesmo tempo, mesmo os maiores defensores de Bush entre os membros da imprensa mundial estão a preparar a opinião pública para uma situação de guerra civil no Iraque ocupado pelos EUA, onde uma democracia neocolonial ao estilo norte-americano não passa de uma piada assassina. E, em simultâneo, aumentam as ameaças de punirem a Síria e o Irão.

As pessoas em todo o mundo fervilham perante a injustiça desta mais recente guerra de terror e devastação orquestrada entre Washington e Telavive e perante as patéticas conversas de lavar as mãos das potências imperialistas europeias que são cúmplices no dar “luz verde” aos assassinatos em massa. Depois do Iraque, os principais actores no Líbano como a França, a antiga potência colonizadora, vêem os seus interesses mais bem servidos ao se juntarem desta vez à coligação de guerra dos EUA e a deploravelmente servil ONU nem sequer consegue fazer aprovar uma resolução do Conselho de Segurança a condenar Israel pelo ataque mortal ao pessoal da ONU que estava no seu próprio posto desarmado no Líbano, por causa do poder de veto dos EUA e do seu domínio global sobre essa instituição.

É mais que tempo de afastarmos as ilusões sobre os fóruns internacionais e outras instituições que intervêm para trazer à razão os principais criminosos do mundo, como eloquentemente exprimiram os manifestantes que viraram a sua fúria contra os escritórios da ONU em Beirute. Quão digno de confiança é um cessar-fogo imposto pelos imperialistas norte-americanos e escrito por quem ostenta abertamente o seu próprio direito a usar bombas de fragmentação ilegais, a violar antigos acordos como a Convenção de Genebra e a cometer crimes contra a humanidade? Temos que converter a nossa repulsa numa oposição política consciente para parar os seus crimes e prepararmo-nos para a luta que se avizinha. Tomar verdadeiramente a peito os interesses das massas oprimidas e exploradas do Médio Oriente significa lutar contra as respostas simples e não reproduzir as traições que os povos já repetidamente sofreram enquanto resistiam heroicamente. Nenhuma força reaccionária baseada na religião ou na etnia pode unir os diversos povos e as muitas nacionalidades do Médio Oriente – da Palestina ocupada ao Iraque ocupado, ao Curdistão, à Turquia, ao Irão e outros lugares – e impor uma solução duradoura e genuinamente anti-imperialista. E isso significa combinar toda a nossa força colectiva para nos opormos a esta guerra vil e apoiar os sitiados povos libanês e palestiniano. Esses assassinos de alta tecnologia podem criar um gigantesco terror com o seu castigo colectivo, para tentarem atingir os seus objectivos, mas nunca ganharão a confiança dos povos do Médio Oriente. Esse é um problema que eles não conseguem resolver. A desconfiança e o ódio devem ser transformados numa força política consciente apontada directamente a todo o sistema injusto do imperialismo e aos seus tentáculos reaccionários que estrangulam a vida das populações pobres e não submissas. Só um movimento revolucionário que una as massas oprimidas do Médio Oriente e rejeite qualquer forma de liderança obscurantista religiosa e os regimes teocráticos, que procure destruir o poder das potências neocoloniais e dos seus regimes fantoches, relutantes ou intencionais, espalhados por toda a região, bem como desse posto avançado do imperialismo que é Israel, terá alguma hipótese de lutar para acabar com este ciclo de pesadelo de pilhagens, guerra e morte.

Apesar das tentativas dos imperialistas para entorpecerem os povos até à inacção ou ao fatalismo de que eles são todo-poderosos porque mostram vezes sem conta e desavergonhadamente novos níveis de brutal agressão contra sectores inteiros da humanidade que consideram descartáveis (ou de modo semelhante tentam sufocar as vozes de oposição das classes médias com camadas de hipocrisia anestesiante para justificar abusos intoleráveis uns após outros), a lei de que “a opressão gera a resistência” é uma lei que eles não conseguem controlar. Nós não devemos ceder um milímetro aos seus cálculos cínicos para desgastar ou reprimir as lutas populares.

Uma nova política tem que aparecer em acção para dirigir a luta revolucionária das massas – uma nova maneira de olhar para a forma de mudar a sociedade, de saber que classes são amigas e quais são inimigas, em quem confiar e no que deve ser feito para enfrentar os imperialistas e resistir à sua hegemonia global; nem o nacionalismo nem a religião o podem conseguir. A miséria diária criada constantemente pelo imperialismo está a criar um maior número dos seus coveiros no Médio Oriente. Embora essa força social potencialmente revolucionária exista, ainda não tem suficiente consciência nem expressão organizativa – e deve tê-las. Esse avanço libertador requer a ideologia do internacionalismo proletário do marxismo-leninismo-maoismo. Entre os que odeiam este sistema e as guerras injustas que ele gera, os combatentes e líderes precisam de ousar avançar e aceitar este desafio.

É mais que tempo de assumir a causa comum de enfrentar a arrogância assassina dos imperialistas com a força consciente e poderosa dos oprimidos da região cujos interesses se baseiam num futuro totalmente diferente, um futuro que só pode sair da actual loucura através do desenvolvimento da revolução nos países de toda essa região como parte da luta internacional para destruir o cruel sistema capitalista-imperialista e construir um mundo inteiramente novo.

Comité do Movimento Revolucionário Internacionalista

8 de Agosto de 2006

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